O novo normal pode ser melhor do que a vida pré-pandemia

Parece que embarcamos nessa viagem há décadas, mas ela começou há pouco mais de um ano. Em 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde entendeu que o Coronavírus era impossível de controlar. Como o surto da doença já tinha se tornado uma questão mundial, foi decretado o estado de pandemia. Catorze meses mais tarde, ainda é difícil acreditar na inimaginável realidade e na mudança radical da nossa maneira de viver.

Durante esse período, o planeta virou um tubo de ensaio para as mais diferentes especialidades científicas. Dados continuam sendo coletados, armazenados e estudados. É claro que uma visão mais ampla desse momento só ficará bem visível daqui a alguns anos. Entretanto, os primeiros resultados já revelam pontos fundamentais. Se lidos com atenção, podem funcionar como uma bússola para guiar os países em direção a um futuro mais saudável. 

Faz um ano que o mundo mudou. Conforme a onda da pandemia sobe ou desce, você, eu e todas as pessoas do planeta passamos a cumprir uma sucessão de quarentenas. A impressão que tenho é a mesma de quando escolhemos uma bifurcação e pegamos uma estrada desconhecida e sem sinalização. Continuamos dirigindo por ela, ansiosos, sem ter a menor ideia de quando e onde ela irá terminar. Mas a numa certa altura do caminho, o cenário do entorno pode nos ajudar a escolher qual rumo tomar nas próximas saídas que aparecerem pela frente. Acredito que é neste ponto da estrada que nos encontramos hoje.

O Coronavírus nos alertou sobre o estado do planeta. Quando as viagens e o ir e vir dentro das cidades foi interrompido, houve uma queda fenomenal na quantidade de dióxido de carbono jogado na atmosfera. Se olharmos apenas para o mundo da aviação comercial, a queda foi de 50% em relação a 2019, o que equivale a 500 milhões de toneladas de CO2 a menos, no ar. Se focarmos no mundo dos transportes como um todo, a não queima de combustíveis fósseis nesse período deixou a atmosfera livre de dois bilhões e meio de toneladas de CO2. Foi uma redução de 7% em relação a 2019. Também nesse último ano as águas dos mares e dos rios ficaram mais limpas. A natureza, no mundo inteiro, iniciou um processo de cura.

A COVID-19 nos fez embarcar em um novo estilo de vida ditado por rígidos protocolos. Batizado de novo normal, obviamente desconfortável para os nossos antigos padrões, ele serve de alerta para uma outra realidade que, diferentemente da pandemia, já foi antecipada pela ciência. Se o que estamos experimentando agora foi causado por um único vírus, o que acontecerá quando a mudança climática alterar todo o estado do planeta?

Por isso, retornar ao nosso estilo de vida pré-pandemia significa retroceder. Se o Coronavírus nos forçou sair da nossa zona de conforto, é preciso encarar esse momento como um período de transição. Chegou a hora de decidirmos mudar para beneficiar a vida das próximas gerações. A construção do novo normal deve ser feita sem nos apegarmos à nostalgia. A base para esta construção é a consciência e o respeito à natureza. 

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